Neste artigo vamos contar a história da canção Alegria Alegria, de Caetano Veloso. Certamente uma das músicas mais emblemáticas do repertório do cantor e compositor baiano.
Caetano Veloso e Gilberto Gil já vinham elaborando as bases do que seria a Tropicália. Justamente por isso, Caetano tinha a intenção de apresentar algo impactante no 3º Festival da Música de 1967, promovido pela TV Record. E ele não desejava fazer apenas uma boa canção com chances de ganhar o primeiro prêmio, pelo contrário, o objetivo era mesmo abalar as estruturas de uma música popular brasileira jovem, porém, conservadora.
Em primeiro lugar falemos de suas escolhas. Alegria Alegria poderia ser uma marchinha inocente e despretensiosa, como A Banda de Chico Buarque, que ganhara a edição anterior do mesmo Festival. Mas Caetano resolveu incrementar essa marcha com a introdução de elementos do Pop internacional e do Rock and roll. Isso já dava o tom do que ele pretendia fazer futuramente com o Tropicalismo.
Caetano fechou com a banda argentina Beat Boys, que se apresentava na época em bares de São Paulo, tocando Beatles, por exemplo. Seria um verdadeiro ultraje aos tradicionalistas!
Mas voltando ao processo de composição. A canção ganhou seu nome em alusão ao bordão criado por Wilson Simonal e depois usado por Chacrinha: Alegria Alegria. Caetano criou um sujeito que caminhava pelas ruas da cidade, livre, leve e solto, entretanto, ele já deixa claro que estava contra o vento.
Parado diante de uma banca de revistas ele passa a enumerar o que vê. Faz referências à cultura mundial, citando as atrizes Brigite Bardot e Claudia Cardinale, além de mencionar espaçonaves, guerrilhas etc. Em constante movimento, o sujeito da canção por vezes apenas contempla o mundo a sua volta e segue em frente. E é possível acompanhá-lo nesta jornada através das imagens que Caetano sugere. Finalmente, ele ainda bebe uma Coca-Cola pra matar a sede, e ansioso por seguir vivendo sua liberdade, afirma: “Eu vou, por que não?”
Cabe frisar que a Coca-Cola era o símbolo maior do imperialismo norte-americano. Caetano estava mais alfinetando parte da esquerda do que os militares. Eram tempos de muito radicalismo ideológico e isso incomodava o artista.
Alegria Alegria terminou em quarto lugar no Festival, atrás de Arrastão, de Edu Lobo e Capinam; Domingo no Parque, de Gil e Roda Viva, de Chico Buarque. Mas a verdade é que deu tudo certo para Caetano. O risco era altíssimo, vejamos:
Obviamente que na primeira apresentação ele entrou tenso e sem saber como a plateia reagiria a tal acinte. Mas Alegria Alegria é realmente genial e arrebatadora, assim como seu criador. E por isso, na finalíssima, já é possível ver um jovem confiante e cantando num largo sorriso. Sucesso absoluto! Alegria Alegria é, para muitos, “A” música de Caetano Veloso.
Alegria Alegria seria lançada em disco no ano seguinte, no primeiro LP solo do cantor e pode-se dizer que essa é sua versão definitiva.
Para conhecer toda a história da nossa música em mais detalhes, é preciso recorrer a livros. Por isso, indicamos o livro Verdade Tropical, nele Caetano Veloso conta mais detalhadamente sobre seu processo de criação.
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