Anavitória – Satisfação Conhecer

Tivemos a satisfação de ouvir os discos de Anavitória, duo formado por Ana Caetano e Vitória Falcão. Ambas tocantinenses, talentosíssimas e talvez as principais vozes da MPB nos dias de hoje.

Capa do disco Anavitória

Anavitória

Com uma carreira que começou em 2013, elas já gravaram quatro discos de estúdio: Anavitória (2016), O Tempo É Agora (2018), N (2019) e Cor (2021). A exceção fica por conta de N, que é uma homenagem a Nando Reis, grande referência pra elas. Os demais álbuns trazem músicas autorais da dupla.

Com traços do sertanejo, predominante na região de origens delas, elas têm sobretudo uma levada pop, passeando pelo folk, mas, tranquilamente, são aceitas na tradição do que é chamado MPB.

Outro ponto alto é o trabalho audiovisual que realizam. Os vídeos que elas fazem são incríveis. Às vezes ideias bastante simples, mas muito poéticas. Esteticamente singelos, que prendem o olhar. Até porque geralmente trazem um tempo lento que permite uma melhor contemplação.

Nos dois primeiros discos prevalecem um tom branco e rosa nas letras e nas melodias. Falam de relacionamentos amorosos, sempre com leveza, positividade, sem sofrimentos ou desilusões. Impera a sensação do felizes para sempre e das delícias e prazeres de amar e ser amado.

Vitória Falcão e Ana Moreno

Álbum Cor

No quarto álbum, lançado em meio à pandemia, avançam nos temas e nos arranjos das músicas. É nítido o amadurecimento delas. A principal compositora é a Ana Caetano, verdadeiro prodígio. Responsável por quase tudo que a dupla canta. Ela tem uma escrita sofisticada e mostra muito cuidado com sua poesia. Consegue diversificar a maneira como aborda os mesmos temas, é muito sensível e inteligente. E apesar de muitas vezes fazer uso de frases de efeito, o que poderia ser uma mera tentativa de emplacar um hit, parece mesmo ser sincero o que elas cantam, coisas que saem mesmo de seus corações. Aliás, no quarto álbum elas já trazem algumas inquietações do amor que antes não havia.

Satisfação Conhecer Anavitória

Elas sofrem críticas por fazerem a mesma coisa até agora, com músicas muito parecidas. Ou mesmo que não conseguem se livrar da “fórmula do sucesso” que as fez chegar onde chegaram. Mas o Canto da MPB acredita que artistas como elas, com o tempo, vão buscando coisas novas pra dizer e jeitos novos de se expressar, inevitavelmente.

O fato é que há muito potencial artístico nelas. Cantam de modo excepcional, se comunicam muito bem com o público jovem.

Será interessante acompanhar a evolução na carreira delas. Pois entre acertos e supostos desacertos, é um verdadeiro bálsamo contar com a presença delas de modo tão relevante, com tamanho protagonismo no cenário musical brasileiro da atualidade.