Domingo no Parque – Gilberto Gil

Neste artigo você confere informações, história e letra da música Domingo no Parque, de Gilberto Gil.

Um pouco da História de Domingo no Parque

“Domingo no Parque” foi a música que Gilberto Gil inscreveu para concorrer no III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, em 1967. É uma das primeiras composições de Gil inspiradas nas ideias e propostas que culminariam no Tropicalismo.

No Festival, a música obteve a segunda colocação, perdendo para “Ponteio” de Edu Lobo. Ambas apresentam elementos regionais, principalmente nordestinos, em uma estrutura moderna. A terceira colocada foi Roda Vida, de Chico Buarque, e a quarta foi Alegria, Alegria, de Caetano Veloso. Para muitos, foi o Festival de melhor qualidade técnica e artística dos anos 1960.

Processo de composição de Domingo no Parque

Gil conta que no momento da composição estava inspirado em Caymmi. “Vou fazer uma música à la Caymmi, fazer de novo um Caymmi, Caymmi hoje!” pensou. Ou seja, era preciso recorrer à sua baianidade, por isso os berimbais e a atmosfera de uma roda de capoeira criada pelo instrumento.

Como Caymmi era um grande criador de personagens em suas músicas, Gil concebeu José, João e Maria, para contar a trágica história de um triângulo amoroso.

Na época, Gil morava com a cantora Nana Caymmi no Hotel Danúbio, em São Paulo. Em uma noite de radiante inspiração, atravessou a madrugada compondo. “Peguei papel e violão e trabalhei a noite toda. Já era dia, quando eu terminei. De manhã, gravei.”

Domingo no Parque no Festival

Gil buscava um som universal, e queria fugir do esquema MPB versus Jovem Guarda, Samba e Bossa Nova versus Rock’n’roll. E coincidentemente encontrou com Os Mutantes (Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sergio Dias) no Estúdio Eldorado com toda a parafernália roqueira. Na hora teve a ideia de unir tradição e modernidade, capoeira e rock psicodélico, folclore e pop. E convidou os jovens do grupo para acompanhá-lo no Festival de MPB.

E é importante ressaltar que isso era algo extremamente subversivo. Porque era impensável uma guitarra subir ao palco de um festival de música brasileira, cujo ambiente era extremamente conservadora na época. Rogério Duprat preparou os arranjos para harmonizar a orquestra do evento, os instrumentos eletrônicos dos roqueiros e, claro, o berimbau baiano.

Acreditava-se que a vaia seria gigantesca, e até houve vaia alguma, mas muito longe do vexame. A genialidade de Gil garantiu a consagração de sua música. Ao fim do Festival o público já havia sido cativado.

Gilberto Gil e Os Mutantes defendendo Domingo no Parque
Gilberto Gil e Os Mutantes defendendo Domingo no Parque

Gravação de Domingo no Parque

Em disco, a música foi lançada no álbum “Gilberto Gil”, em maio de 1968. E contou, igualmente, com o acompanhante de Os Mutantes e arranjos de Rogério Duprat.

Foi segundo LP de Gil, considerado um disco integrante do movimento tropicalista. Assim como o a´lbum “Caetano Veloso”, lançado em janeiro de mesmo ano. Ainda que ambos sejam anteriores ao “disco-manifesto” “Tropicalia ou Panis et Circencis”.

Foi no disco de Caetano, citado acima, que Alegria, Alegria foi gravada. E numa comparação das duas músicas, disse Décio Pignatari: “A letra de Gil lembra montagens eisensteinianas, com seus closes e suas fusões. A de Caetano é uma letra-câmera-na-mão, mais ao modo informal de um Godard, colhendo a realidade casual.”

Pra fechar, vale dizer que Gilberto Gil regravaria a música diversas outras vezes ao longo de sua carreira. E você pode conferir um texto em que Gil conta, com detalhes, seu processo de criação de Domingo no Parque,  clicando aqui.

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1967.

Gênero:
Híbrido.

Compositores:
Gilberto Gil (1942-)

Gravações Representativas:
Gilberto Gil; Os Mutantes; Rogério Duprat; Zimbo Trio; Gal Costa.

Disco Gilberto Gil de 1968 contendo Domingo no Parque
Disco Gilberto Gil de 1968

Letra de Domingo no Parque.

O rei da brincadeira – ê, José
O rei da confusão – ê, João
Um trabalhava na feira – ê, José
Outro na construção – ê, João.

A semana passada, no fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar
Capoeira
Não foi pra lá pra Ribeira
Foi namorar.

O José como sempre no fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu.

Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana, seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração.

O sorvete e a rosa – ô, José
A rosa e o sorvete – ô, José
Oi, dançando no peito – ô, José
Do José brincalhão – ô, José.

O sorvete e a rosa – ô, José
A rosa e o sorvete – ô, José
Oi, girando na mente – ô, José
Do José brincalhão – ô, José.

Juliana girando – oi, girando
Oi, na roda gigante – oi, girando
Oi, na roda gigante – oi, girando
O amigo João – João.

O sorvete é morango – é vermelho
Oi, girando, e a rosa – é vermelha
Oi, girando, girando – é vermelha
Oi, girando, girando – olha a faca!

Olha o sangue na mão – ê, José
Juliana no chão – ê, José
Outro corpo caído – ê, José
Seu amigo, João – ê, José.

Amanhã não tem feira – ê, José
Não tem mais construção – ê, João
Não tem mais brincadeira – ê, José
Não tem mais confusão – ê, João.

 


Para Ouvir:

Versão Oficial de Gilberto Gil.

 

Versão de Gilberto Gil e Os Mutantes no Festival.

 


 

 


 

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