Divino Maravilhoso – Caetano e Gil

Neste artigo você confere informações, história e letra da música Divino Maravilhoso, de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Gal Costa interpreta Divino Maravilhoso

Um pouco da história de Divino Maravilhoso

O empresário dos tropicalistas, Guilherme Araújo, utilizava essa frase com frequência quando fazia algum elogio: “divino, maravilhoso”. Caetano conta em seu livro ‘Verdade Tropical’ que, a depender da empolgação, ainda era acrescentado um “internacional”.

Essa foi a inspiração de Caetano e Gil ao criarem uma música para Gal Costa defender no IV Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, ocorrido entre os meses de novembro e dezembro de 1968. A letra revela também o clima de tensão entre os jovens e a ditadura militar. Esta que, poucos dias depois, decretaria o golpe dentro do golpe, através do AI-5.

Gal no Festival de 68

Sobre a participação de Gal Costa no Festival, vale a pena citarmos diretamente o livro ‘A Era dos Festivais’, de Zuza Homem de Mello.

“Gal entrou depois do início da música e, andando sem parar, ultrapassou o poço e foi cantar na passarela atrás dos jurados e perto do público, que imediatamente aderiu ao contagiante refrão “É preciso estar atento e forte/ não temos tempo de temer a morte”. Aquela baianinha meiga e tímida, apelidada “João Gilberto de saias”, havia se transformado numa figura espantosa, com uma cabeleira black power, roupas berrantes e atitudes agressivas: parecia um bicho quando gritava “Uaaau!” antes do refrão, encolhendo-se como que atingida por um uppercut no estômago. Seguindo as pegadas dos baianos, Gal Costa também viera morar em São Paulo, inicialmente numa kitchenette na avenida São João e depois no apartamento de Guilherme Araújo, na São Luiz, no mesmo edifício onde também moravam Gil e Caetano. Frequentadora assídua de seus apartamentos, aí ouviu os discos de Jimi Hendrix e Janis Joplin, por quem se apaixonou. Sendo tão radical que só admitia até então João Gilberto e seus súditos, passou a admirar o Tropicalismo e deixou-se influenciar pelo jeito rasgado de Joplin cantar “Summertime“, quando foi convidada a defender “Divino, Maravilhoso”, nascida de uma exclamação frequente de Guilherme. Combinou com Gil, autor do arranjo, que cantaria de modo totalmente diferente, rompendo com o que tinha sido e passando a seguir a estética tropicalista, buscando uma maneira extrovertida de se comunicar. Quando cantou pela primeira vez, Caetano, que ainda não havia presenciado nenhum ensaio, levou um susto: não imaginava que Gal fosse capaz de cantar assim. Ela vestia calças, uma túnica colorida bordada com espelhos e usava um colar de várias voltas. A primeira reação do público foi um misto de aplausos e vaias. Na passarela, inclinou-se para uma mulher que vaiava com todas as forças, apontou o dedo para o seu rosto e continuou cantando com tal empenho que aos poucos a mulher foi parando de vaiar. Gal arriscava sacrificar sua carreira anterior ao assumir a postura tropicalista, retomando, em outro grau, a ruptura do Opinião e levando adiante a luta contra o regime. Como não saudava as esquerdas ou o comunismo, agredia o sistema através da atitude, não apenas do texto. Acompanhada pelo conjunto Los Bichos (Beat Boys) e com vocal das irmãs Ivete e Aríete nos “tchu tchu ru”, Gal foi aplaudidíssima e saiu sob gritos de “Já ganhou!”.

Disco de Gal Costa que inclui Divino Maravilhoso

Gal Costa 1969

Divino Maravilhoso não ganhou, mas terminou com uma honrosa 3ª colocação no Festival. Gal gravou seu primeiro álbum solo, ainda em 68, mas por conta da prisão de Caetano e Gil no final do ano, a gravadora Philips segurou seu lançamento, que acabou ocorrendo somente em março de 1969.

Junto de Baby (Você precisa saber da piscina / Da margarina, da Carolina, da gasolina…) e Não Identificado (Eu vou fazer uma canção de amor / Para gravar num disco voador…), ambas de Caetano Veloso, Divino Maravilhoso, com arranjo de Lanny Gordin, é uma das músicas mais celebradas do disco e de toda a carreira da cantora baiana.

 


Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1968.

Gênero:
Rock and Roll.

Compositores:
Caetano Veloso (1942 – ) e Gilberto Gil (1942 – )

Gravações Representativas:
Gal Costa; Ney Matogrosso; Iza e Caetano Veloso.

 


 

Letra de Divino Maravilhoso

Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem? Quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este Sol, para esta escuridão.

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão.

É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte.

Atenção para a estrofe e pro refrão
Pro palavrão, para a palavra de ordem
Atenção para o samba exaltação.

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão.

É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte.

Atenção para as janelas no alto
Atenção ao pisar o asfalto, o mangue
Atenção para o sangue sobre o chão.

É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte.

 


 

Para Ouvir:

Versão Original.

 

Gal Costa no Festival.

 


 

 


 

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