Travessia – Milton Nascimento e Fernando Brant

Neste artigo você confere informações, história e letra da música Travessia – Milton Nascimento e Fernando Brant.

Milton Nascimento no II Festival Internacional da Canção de 1967 defendendo Travessia

Um pouco da história de Travessia

Lançada em 1967, “Travessia” foi o primeiro sucesso de Milton Nascimento. A música foi uma parceria entre o cantor, que criou a melodia e a harmonia, e o amigo Fernando Brant, que pela primeira vez escrevia uma letra.

Mas Milton não era um iniciante, já estava na estrada desde o começo da década buscando a sorte. Ele já havia participado como cantor do Festival da TV Excelsior de 1966, defendendo “Cidade vazia”, de Baden Powell e Lula Freire. E também já tinha uma música gravada por ninguém menos que Elis Regina (“Canção do Sal”).

Milton estava morando em São Paulo quando compôs “Travessia”, que ele chamava de “O vendedor de sonhos”. Intuiu que deveria confiar a Fernando a tarefa de colocar a letra. Gravou uma fita, foi a Belo Horizonte, fez o pedido ao amigo que tentou recusar, e deu uma sugestão de começo: “quem quer comprar meus sonhos?…”.

Dias depois, Milton conheceu a letra de Fernando, e viu que a poesia seguiu por outros caminhos, tratando do término de um relacionamento amoroso. Ali mesmo começaram ensaiar a música. O violão era da irmã de Brant que, ao ouvir Milton cantando “Travessia”, pediu que ele autografasse o instrumento, pois teve a certeza de que eles venceriam o festival e que estava surgindo uma grande estrela da música brasileira.

Travessia no Festival

Porém, Milton não teria coragem de inscrever a música em festival algum. Zuza Homem de Mello conta que a canção foi inscrita por Agostinho dos Santos no II Festival Internacional da Canção, de 1967, exibido pela TV Globo. Milton, na verdade, foi pego de surpresa.

Travessia - Milton Nascimento

Ao final da competição, entretanto, “Travessia” conquistou o segundo lugar na classificação geral, perdendo apenas para “Margarida”, de Guttemberg Guarabyra (Andei, terras do meu reino em vão /Por senhora que perdi…); e à frente de “Carolina”, de Chico Buarque (Carolina / Nos seus olhos fundos / Guarda tanta dor…). Houve muitas críticas ao júri pela escolha da música vencedora. Milton, como não poderia ser diferente, ganhou o prêmio de melhor intérprete e foi considerado a grande revelação do evento.

Chico, Guarabyra e Milton nos bastidores do Festival
Chico, Guarabyra e Milton nos bastidores do Festival

Solto a voz nas estradas

Assim, no mesmo ano, Milton gravou o LP homônimo “Travessia”, que também trazia outras duas músicas de sua autoria que participaram do festival, graças à Agostinho dos Santos: “Morro Velho” (7ª colocada) e “Maria, minha fé”.

O nome Travessia, por sua vez, foi dado em homenagem a João Guimarães Rosa, pois trata-se da última palavra do livro “Grande Sertão: Veredas”.

Toda essa história está contada com mais detalhes nos livros “A Era dos Festivais”, de Zuza Homem de Mello, e “A Canção no Tempo”, de Zuza e Jairo Severiano.

“Travessia” conta com grandes gravações, inclusive de vozes femininas consagradas. Elis Regina e Alaíde Costa estão entre elas. Há também uma versão em inglês da música chamada “Bridges”, cuja versão mais significativa traz Sarah Vaughan cantando com Milton, no disco “O Som Brasileiro De Sarah Vaughan”, de 1978.

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1967.

Gênero:
Híbrido.

Compositores:
Milton Nascimento (1942-) e Fernando Brant (1946-2015)

Gravações Representativas:
Milton Nascimento; Luiz Eça; Elis Regina; Sarah Vaughan; Zimbo Trio; Alaíde Costa.

Disco Travessia Milton Nascimento

 


 

Letra de Travessia

Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar.

Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar.

Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver.

Solto a voz nas estradas…

 


 

Para Ouvir:

Versão de Milton Nascimento.

 

Versão de Elis Regina.

 


 

 


 

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