Na Baixa do Sapateiro – Ary Barroso

Confira abaixo informações e letra da música Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso.

Na Baixa do Sapateiro
O compositor Ary Barroso ao lado da cantora Carmen Miranda em Hollywood.

O Fenômeno “Na Baixa do Sapateiro”

“Na Baixa do Sapateiro” é um verdadeiro fenômeno musical. Gravada com sucesso por Carmen Miranda e a orquestra Odeon, em 1938. Foi uma superprodução por conta da política ufanista do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Ary Barroso inventou o gênero Samba-Jongo para definir a composição, porque achava o nome instigante.

Baixa dos Sapateiros (no plural), a que a música faz referência, é conhecida em Salvador como a região do entorno da rua Joaquim José Seabra. E trata-se de uma área comercial no centro da cidade.

Eram os tempos em que o compositor Ary Barroso fazia muitas músicas em homenagem à Bahia. Ele conhecera Salvador em 1929 e, desde então, se declarava apaixonado pelo lugar. Lembrando que era comum as pessoas se referirem à capital Salvador, simplesmente como Bahia, na época.

Sucesso Internacional

Além disso, o samba-jongo de Ary Barroso ganhou repercussão internacional. O sucesso de Carmen Miranda deveria integrar o filme Banana da Terra, produzido por Wallace Downey, em 1939. Mas por desacertos relativos a dinheiro, Ary Barroso não autorizou sua utilização. Quem se deu bem, foi Dorival Caymmi que estourou com “O que é que a Baiana tem?”

Mesmo assim, Na Baixa do Sapateiro voltou aos holofotes ao integrar a trilha sonora do filme de Walt Disney, “Você já foi à Bahia”, de 1944. Lançada nos Estados Unidos com o nome de “Bahia”, ultrapassou a marca de um milhão de execuções naquele país. Junto de outro sucesso de Ary, Aquarela do Brasil, simplesmente “Brazil” para os norte-americanos e que também atingiu tais números.

Gravações Representativas

Além de Carmen Miranda, a primeira a gravar, e de Nestor Amaral que cantou na versão da Disney, na Baixa do Sapateiro ganhou inúmeras regravações. O cantor Silvio Caldas gravou em 1942. A versão do grupo vocal Anjos do Inferno, lançada em 1947, foi uma das músicas mais tocadas também nesse ano, até mesmo pela repercussão da música no exterior.

Dorival Caymmi a cantaria no disco “Ary Caymmi Dorival Barroso”, de 1958. Entre outros cantores, destaque para as gravações de Wilson Simonal (1965), Rafael Rabello e Ney Matogrosso (1990) e Caetano Veloso (1997). E entre as cantoras, há disponíveis versões de Elizeth Cardoso (1957), Gal Costa (1980) e Elis Regina (1982), esta gravada no Montreux Jazz Festival, na Suiça, em 1979.

Curioso notar que o verso “A morena mais frajola da Bahia” sofreu algumas adaptações. Carmen Miranda, Elizeth Cardoso cantam “Moreno mais Frajola”. Elis cantava “O moreno mais folgado da Bahia”. Nestor Amaral, na versão Disney: “A baiana mais frajola da Bahia”. Os Anjos do Inferno: “A mulata mais frajola”. E todos os outros citados, incluindo a Gal, mantém a letra original.

Em versões instrumentais, destacamos a gravação do próprio Ary Barroso ao piano em 1943. Waldir Azevedo e seu cavaquinho em 1955. Luiz Bonfá e Baden Powell, lançaram ao violão, cada qual a sua versão, no mesmo ano de 1959. Aliás, Baden faria diversas regravações da música, viraria um estudo em sua carreira. O grupo Som Três, de César Camargo Mariano, lançou uma versão jazzística em 1966. João Gilberto, somente com seu violão, gravou uma versão Bossa Nova em 1973. Além de Pepeu Gomes e Moraes Moreira, em 1990. Entre muitas outras.

Ary Barroso e a Bahia

Sobre sua relação com a Bahia, o compositor Ary Barroso, que era mineiro de Ubá, declarou em uma entrevista à revista Manchete, em 1962: “Eu me descobri na Bahia. Os seus ritmos, seus candomblés, suas capoeiras, sua gente (…) foram uma revelação pra mim. Fiquei de tal modo impressionado que o jeito foi exteriorizar a minha admiração através da música”.

E ele, de fato, soube como exteriorizar sua admiração. Além do clássico “Na Baixa do Sapateiro”, ele também compôs pérolas como “No Tabuleiro da Baiana”, “Faixa de Cetim”, “Bahia”, “Bahia Imortal”, “Iaiá de Bahia”, “Quando eu Penso na Bahia”, “Quero voltar à Bahia”… Enfim. Toda a homenagem que ele fez à Bahia foi devidamente recompensada com muito sucesso!

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1938.

Gênero:
Samba.

Compositor:
Ary Barroso (1903-1964).

Letra de Na Baixa do Sapateiro.

Ai, o amor, ai, ai
Amor, bobagem que a gente
Não explica, ai, ai
Prova um bocadinho, oi
Fica envenenado, oi
E pro resto da vida
É um tal de sofrer
O-la-rá, o-le-rê.

Oi, Bahia, ai, ai
Bahia que não me sai do pensamento, ai, ai
Faço o meu lamento, oi
Na desesperança, oi
De encontrar nesse mundo
O amor que eu perdi na Bahia.

Vou contar
Na Baixa do Sapateiro
Encontrei um dia
A morena mais frajola da Bahia
Pedi-lhe um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu.

Bahia, terra da felicidade
Morena, eu ando louco de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outra morena
Igualzinha pra mim
Ai, Bahia, ai, ai.

Para Ouvir Na Baixa do Sapateiro:

Versão de Carmen Miranda.


Versão dos Anjos do Inferno


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