Neste artigo você confere informações, história e letra da música Pedro Pedreiro, de Chico Buarque.
Primeiro sucesso de Chico Buarque, Pedro Pedreiro foi lançado em 1965, num disco compacto que incluía também “Sonho de Carnaval” (Carnaval, desengano / Deixei a dor em casa me esperand…). No ano seguinte, ambas as músicas seriam incluídas no LP “Chico Buarque de Hollanda”. Aí sim, com o artista já mais popularmente consagrado graças ao êxito de “A Banda”.
Com apenas 21 anos Chico Buarque já mostrava maturidade artística como compositor. Até esse momento ele ainda não havia decidido se profissionalizar como cantor. Estudante de arquitetura, já tinha feito outras músicas como “Tem Mais Samba” (1964), “Juca” (1965) e a própria “Sonho de um carnaval” (1965), que foi defendida num Festival por Geraldo Vandré.
Mas a crônica sobre um pobre pedreiro, desesperançoso e angustiado, que espera melancolicamente um trem, fez do cantor uma jovem promessa. Além disso, há que se falar da originalidade da música. Por exemplo, Chico incluiu na melodia uma sonoridade que remete à lentidão do trem, na exaustiva repetição: quem já vem, quem já vem, quem já vem, quem já vem, quem já vem…
Tudo mudou para Chico. Ele passou a ser convidado para shows; fechou contrato para participar de programas da TV Record e, finalmente, teve de abandonar a faculdade de Arquitetura na USP.
Nessa época, alguns artistas se preocupavam mais com sua função social. Com uma postura crítica de compreender e representar a realidade nacional, incluindo o povo na sua arte. Chico compreendeu esse momento. E ele considera “Pedro Pedreiro” a primeira música que revela sua autonomia artística.
Algumas histórias de Pedro Pedreiro são curiosas. Uma delas é que Chico Buarque criou a palavra “penseiro”, influenciado pela leitura de Guimarães Rosa – autor famoso por seus neologismos.
Outra curiosidade é que ao ser convidado para o programa do Chacrinha na TV Excelsior, um produtor impaciente, sabendo que a palavra “esperando” era repetida 36 vezes, perguntou: “não dá pra esse trem chegar chegar mais cedo, não?”. Chico foi embora indignado.
Também em 1966, e antes mesmo da gravação do LP de Chico, Nara Leão lançou o disco “Nara Pede Passagem”. Nele constam três músicas de Chico, incluindo “Pedro Pedreiro”.
A musa da Bossa Nova, que lançara músicas de sambistas veteranos como Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti, e que tinha também lançado compositores novatos, como Edu Lobo, Sidney Miller e Jards Macalé; acertava mais uma vez dando seu aval ao talentoso irmão de Miúcha.
Ano de Lançamento:
1965.
Gênero:
Samba.
Compositores:
Chico Buarque (1944-).
Gravações Representativas:
Chico Buarque; Nara Leão; Toquinho, Vinícius de Moraes e Quarteto Em Cy.
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa
E a gente vai ficando pra trás.
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Desde o ano passado
Para o mês que vem.
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande no bilhete pela federal
Todo mês
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Para o mês que vem
Esperando a festa
Esperando a sorte
E a mulher de Pedro
Esperando um filho
Pra esperar também.
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém.
Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro norte
Pedro não sabe, mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo
Maior do que o mar
Mas pra que sonhar
Se dá o desespero de esperar demais?
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais
Sem ficar esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento para o mês que vem
Esperando um filho pra esperar também
Esperando a festa
Esperando a sorte
Esperando a morte
Esperando o norte.
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita
Do apito de um trem.
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem…
Versão de Chico Buarque.
Versão de Nara Leão.
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