Quem é Caetano Veloso- Quem é Quem na MPB

Quem é Caetano Veloso

Caetano Veloso talvez seja a figura mais transgressora da MPB. E isso não por acaso, pois desde o começo de sua carreira Caetano denotava ter plena consciência do que era necessário fazer para eternizar seu nome na história da música popular brasileira.

Criativo, inteligente, inquieto e ambicioso, Caetano é baiano, nascido em 1942, em Santo Amaro da Purificação. Sua carreira está intimamente ligada à de sua irmã, Maria Bethânia. E apesar de ser uma figura individualmente marcante, é quase impossível dissociá-lo de outros nomes, como Gilberto Gil e Gal Costa.

Caetano começa a se interessar seriamente por música ouvindo João Gilberto. A partir da novidade revelada pelo ídolo, também baiano, ele inicia sua trajetória musical acompanhando Bethânia em apresentações em bares, já morando em Salvador.

Doces Bárbaros: Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil

O Artista Intelectual

Algo fundamental para entender Caetano é que ele chegou a cursar a faculdade de filosofia. Este dado revela muito de sua personalidade e também de suas escolhas como compositor. Quando pega seu instrumento e se propõe a um nova canção, em seus melhores momentos, Caetano Veloso vai refletir, ou sobre algum tema específico ou alguma experiência vivida.

Outra característica advinda do fato de ser um artista intelectual, é que Caetano estuda e pensa a música na prática e na teoria. Desde sempre buscando compreender a indústria cultural e como se inserir nela, de maneira crítica e incisiva.

Antes mesmo de gravar seu primeiro disco, Caetano já tinha consciência de que os artistas de sua geração deveriam realizar uma tarefa histórica. Era preciso evoluir esteticamente, partindo da Bossa Nova; portanto, além de transmitir novas mensagens, tinham de reinventar a maneira de fazê-lo.

Caetano Revolucionário

A contracultura e cultura pop estavam batendo na porta de uma casa bastante conservadora. E Caetano foi um dos primeiros a perceber que era preciso deixá-las entrar.

Seu primeiro disco, em parceria com Gal Costa, ainda tinha muitos traços de Bossa Nova. Por outro lado, já prenunciava ideias de vanguarda.

Se pensarmos que, no final dos anos 1960, houve uma manifestação de artistas contra o uso da guitarra elétrica na música brasileira, é possível entender o alvoroço causado por Caetano e Gil no Festival da Record de 1967. Ambos se utilizaram de bandas de rock para acompanhá-los. Caetano apresentou “Alegria Alegria” com os Beat Boys, e Gil defendeu sua “Domingo no Parque” com a banda Os Mutantes.

O Tropicalismo

Tudo isso porque estavam fervilhando ideias de renovação, que culminaram no Tropicalismo. Inteligente, artisticamente ambicioso e cada vez mais à vontade ao modus operandi artístico e filosófico, Caetano foi um dos idealizadores de um movimento que se espalhava por outras áreas além da música. Cinema, poesia, teatro e artes plásticas se associaram ao Tropicalismo. A ideia principal era repensar a cultura brasileira, colocá-la a par das inovações vindas de fora sem abrir mão da nossa própria cultura, do nosso folclore, da nossa identidade nacional. Mas desmistificando conceitos e ideias ou ideais do que era a nossa cultura, digamos, sui generis.

Até por isso, o Tropicalismo se sustentou nas ideias modernistas, no antropofagismo de Oswald de Andrade. Que muito resumidamente consiste em devorar o que o mundo oferece e regurgitar uma arte original, brasileira.

Menos radicais que os modernistas, pelo menos na música, os tropicalistas defendiam também a liberdade criativa, ter à disposição o arcaico e o moderno, o nacional e o internacional, Ary Barroso e os Beatles etc. Mas também havia uma proposta moral, de comportamento, algo que abalasse as estruturas da tradicional família brasileira. Um exemplo disso foi o casamento de Caetano e Dedé, quando ela utilizou uma minissaia na cerimônia. Chocou!

Claro que tudo isto não passaria batido pela Ditadura. Conservadores e paranoicos, os militares prenderam Caetano e Gil em 1968. No ano seguinte ele foram exilados em Londres.

Sequência da Carreira

Nos anos 70, Caetano de volta do exílio se revela uma personagem mais complexa e instigante. Além das inovações propostas na maneira de fazer música, tudo o que ele representava causava muito impacto, sobretudo em mentes reacionárias. Seu comportamento, suas declarações, suas vestimentas, seu gestual, sua sexualidade…

Sua visão sobre arte e sobre o mundo vai resultar em inúmeras polêmicas ao longo da vida. Suas opiniões estarão quase sempre no centro de debates, até porque ele nunca fugirá destes. Também será muitas vezes alvo de provocações, e a todas vai dar uma resposta.

Caetano vai seguir por anos e anos produzindo coisas fortes e belas, sendo uma figura autêntica. Neste post tentamos dar um panorama geral para explicar Quem É Caetano Veloso na MPB. Em suma, ele é um dos maiores de nossa música, para muitos o maior. Poucos se igualam em genialidade, trajetória e consciência artística.

A Obra de Caetano Veloso

Algumas das principais músicas de Caetano Veloso são:

  • Alegria Alegria
  • Tropicália
  • Baby
  • Você é Linda
  • O Leãozinho
  • Podres Poderes
  • Sampa
  • Cajuína
  • Tigresa
  • A Luz de Tieta

E alguns de seus discos mais aclamados são:

  • Caetano Veloso (1968, Philips)
  • Tropicália ou Panis Et Circenses (1968, Philips) *Com Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé
  • Transa (1972, Philips)
  • Bicho (1977, Philips)
  • Cinema Transcedental (1979, Philips)
  • Velô (1984, Philips)
  • Tropicália 2 – (1993 – Philips) *Com Gilberto Gil

Quem é Quem na MPB tem por finalidade demonstrar, de modo breve, qual lugar um artista ocupa na tradição da música popular brasileira.

Mas para conhecer toda a história da nossa música em mais detalhes, é preciso recorrer a livros.


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