Quem é Quem na MPB – Quem é Itamar Assumpção

Quem é Itamar Assumpção

Itamar Assumpção entra para a história da música popular brasileira por pertencer a um agrupamento de artistas que passou a ser chamado de Vanguarda Paulista (ou Paulistana), entre 1979 e 85. Eles se apresentavam, principalmente, no teatro Lira Paulistana, no bairro de Pinheiros em São Paulo. Também faziam parte desse grupo Arrigo Barnabé, as bandas Isca de Polícia, Sabor de Veneno, Rumo, Premeditando o Breque e Língua de Trapo. Há quem considere a Vanguarda Paulistana o movimento musical mais significativo desde o Tropicalismo, de fins dos anos 60.

Nascido no interior de São Paulo em 1949, Itamar passou a juventude no Paraná, onde conheceu Arrigo Barnabé. Depois mudou-se para a capital paulista e sua carreira decolou, quando já passava dos 30 anos. Curioso notar que, tanto Itamar Assumpção quanto Adoniran Barbosa eram do interior do estado e se incorporaram à capital como poucos.

Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção

Opção pela Contracultura

Seu som era uma mistura de samba, pop, reggae, rock, funk etc. Música experimental, criativa, bem humorada, eletrizante, descolada de tudo. E apesar de genial, sua obra, porém, é pouco conhecida, até porque os discos da Vanguarda Paulistana eram gravados de maneira alternativa e independente.

Itamar fez curso de teatro quando morou em Londrina, ou seja, ele é também um ator amador, e isso explica a potência cênica que há tanto em suas composições, quanto nas suas performances no palco. Suas letras irreverentes, descontraídas e autênticas trazem uma série de imagens e situações que ficam ainda mais teatrais no diálogo com as vozes femininas de apoio. Tais cantoras faziam parte das bandas Isca de Polícia e Orquídeas do Brasil, que Itamar ajudou a criar para acompanhá-lo.

Itamar e Isca de Polícia

Ataulfo Alves

Seu nome ficou mais conhecido nacionalmente quando lançou o disco Ataulfo Alves, Pra Sempre Agora, que lhe rendeu, inclusive, um prêmio APCA de melhor cantor em 1996. Ele ficou três anos estudando a vida e a obra do sambista mineiro até gravar o disco, criando versões muito singulares, praticamente autorais.

Isso revela muito de um artista de vanguarda como foi Itamar, que não é necessariamente um rebelde ou um louco marginal, mas sim alguém em constante processo, farejando, intuindo caminhos e fazendo suas pesquisas. E ao adquirir o domínio de determinado objeto de estudo, consegue gerar algo inédito ou releituras de clássicos.

Reconhecimento Póstumo?

Ele veio a falecer muito cedo, em 2003, vitimado por um câncer no intestino, com apenas 53 anos de idade. Levou consigo um ressentimento por sua obra ter sido mal interpretada por parte da mídia, que o rotulava de músico maldito, hermético. Apesar disso, os leais admiradores desejavam que seu sucesso fosse maior e mais condizente ao seu talento.

Itamar foi um artista fiel a si mesmo. De personalidade forte, não se enquadrou no sistema da indústria cultural e fez  escolhas de modo a manter sua independência. Suas músicas, sobretudo nos anos 1980, continham sim um forte apelo comercial, bastava seguir as regras de produção de uma grande gravadora. Mas talvez ele não estivesse necessariamente disposto a ceder e fazer as coisas de outra forma que não fosse a dele, assim como os demais artistas da sua geração. Até mesmo porque, a banda Blitz, liderada por Evandro Mesquita, pouco tempo depois estouraria nacionalmente se utilizando de muitos elementos que Itamar já explorava.

O fato é que ele ocupou a vida transformando suas inquietações em música, em arte. Todo seu vigor criativo seria igual, tivesse feito mais ou menos sucesso.

 


Algumas de suas principais músicas são:

  • Nego Dito
  • Tua Boca
  • Luzia
  • Por que eu não pensei nisso antes
  • Adeus Pantanal
  • Fico Louco

Principais discos de Itamar Assumpção:

  • Beleléu, Leléu, eu. (1980)
  • Às Próprias Custas S.A. (1983)
  • Sampa Midnight – Isso não vai ficar assim (1986)
  • Bicho de 7 cabeças (1993, 3 Volumes)

Para saber mais sobre Itamar Assumpção, vale a pena conferir o documentário “Daquele Instante em Diante”, dirigido por Rogério Velloso.

No Youtube há também uma apresentação incrível de 1983 com Itamar Assumpção e Isca de Polícia. Formado por Virginia Rosa e Suzana Salles nos vocais; Paulo Lepetit no baixo; Gigante Brasil na bateria; Luiz Rondó na guitarra; além de intervenções de Denise Assunção, atriz e irmã do cantor.


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Canto da MPB – A Música Popular Brasileira em primeiro lugar!

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