A Banda – Chico Buarque
Neste artigo você confere informações, história e letra da música A Banda, de Chico Buarque.
Um pouco da História de A Banda
“A Banda” foi a música consagradora de Chico Buarque no início de sua carreira. Mas é importante deixar claro que ela não foi apenas um sucesso porque venceu festival, vendeu muitos discos, tocou nas rádios e rendeu inúmeros convites para shows e programas de televisão. Chico foi alçado, praticamente, a herói nacional. Da noite pro dia, o jovem compositor passou a ser, até mesmo, convidado por câmaras municipais para receber título de cidadão honorário.
Pra muitas pessoas, na época, era a música mais bonita e singela do mundo, em todos os tempos. Além do lirismo da letra, que pegou muita gente emotiva, o clima nostálgico também se devia ao ritmo de marcha, que era um estilo muito comum no passado.
Mas Chico nem sonhava, e se pudesse, talvez, nem escolheria por tamanha comoção. O fato é que ele compôs A Banda querendo, não só disputar, mas vencer, o concorrido II Festival de Música Popular Brasileira (2.635 inscrições), que seria realizado pela TV Record, em 1966. Depois do sucesso do Festival da TV Excelsior, no ano anterior, a Record, que já tinha promovido evento semelhante em 1960, decidira retomar o projeto.
A título de curiosidade, a música foi feita na sua casa, em São Paulo, num dia qualquer de julho de 1966 enquanto Chico esperava o almoço sair. E o primeiro a ouvi-la foi Gilberto Gil, já seu amigo na época.
A Banda no II Festival de Música Popular Brasileira
Nara Leão acompanhou Chico Buarque na defesa da canção, revezando com ele os vocais. Mas, originalmente, Nara cantaria sozinha. Ocorreu que, nas eliminatórias, ao ser acompanhada por uma banda de coreto, a voz de Nara quase que sumia, o que prejudicava a compreensão da letra por parte do público. Manoel Carlos (o autor de novelas, mas que na época era diretor de televisão), para as fases seguintes, sugeriu que Chico entrasse primeiro cantando só com o violão, e depois Nara repetia a música com tuba, tromba, bumbo e companhia.
Zuza Homem de Mello, no livro A Era dos Festivais, conta que, além de toda repercussão na imprensa, durante as semanas em que o Festival ocorreu, o grande assunto entre as pessoas era saber quem preferia “A Banda” ou “Disparada” e por quais motivos.
A Banda era a preferida do júri especializado, mas o público queria a vitória de “Disparada“, de Geraldo Vandré, defendida brilhantemente por Jair Rodrigues. Percebendo que ganharia, Chico recuou e sugeriu que a vitória fosse dividida. A organização do Festival, então, para evitar uma vaia vexatória ao vencedor, decidiu por conceder o primeiro prêmio a ambos.
Depois que A Banda passou
Como dissemos acima, “A Banda” obteve um êxito gigantesco. Chico se tornou imediatamente uma unanimidade nacional, alçado a gênio da raça pelos críticos. Em uma entrevista, ele sobre sua criação: “Não acreditava muito nela, especialmente porque gosto sempre da próxima música que irei fazer”.
Entre os jovens, a imagem de Chico era também muito forte, além de ser o “crush” de muita gente, ele representava uma renovação na música brasileira. E em um momento que o Rock’ n’Roll e sua influência sobre a juventude incomodava os mais conservadores, “A Banda” foi um bálsamo redentor, um retorno ao paraíso perdido que nunca existira.
Chico e Nara ganharam um programa de televisão: “Pra ver a banda passar”. Mas a introversão de ambos, e o mal jeito como apresentadores fez com que, o mesmo Manoel Carlos, os apelidasse de “desanimadores de auditório”.
Foi também por causa de “A Banda” que Chico teve seu primeiro desentendimento com a Ditadura. Os militares usaram a música para fazer uma propaganda de alistamento. O compositor protestou os direitos e a campanha foi interrompida.
Pra encerrar, além das inúmeras gravações ocorridas no Brasil, que vão de Mário Reis a Ney Matogrosso, a música também soma, ao menos, 20 versões da letra em outros idiomas, segundo dados do Ecad. Atualmente, para muitos fãs, “A Banda” não entra numa lista de 10 melhores do Chico, mas, talvez seja, disparada (ops) a mais importante de sua carreira.
Informações Gerais
Ano de Lançamento:
1965.
Gênero:
Marcha.
Compositores:
Chico Buarque (1944-).
Gravações Representativas:
Chico Buarque; Nara Leão; Wilson Simonal; Mario Reis; Ney Matogrosso.
Letra de A Banda.
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
E em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Para Ouvir:
Versão de Chico Buarque no Festival.
Versão original de Chico Buarque.
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