Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando) – Geraldo Vandré

Neste artigo você confere informações, história e letra da música Caminhando (Pra não dizer que não falei das flores), de Geraldo Vandré.

Um pouco da história de Caminhando

Geraldo Vandré compôs Caminhando (Pra não dizer que não falei das flores) para concorrer no III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1968.

Ele que havia vencido o Festival de MPB de 1966 com ‘Disparada‘ – empatado com Chico Buarque e sua ‘A Banda‘ -, sofreu fortes vaias na edição seguinte com a música Ventania (De como um homem perdeu seu cavalo e continuou andando).

Portanto, Vandré não sabia o que esperar naquele ano. Mas o fato é que a canção conquistou a maioria da plateia presente ao evento. Por isso, no dia da grande final, quando foi anunciada a decisão do júri, que dava a vitória a ‘Sabia’, de Tom Jobim e Chico Buarque, as vaias tomaram conta do Maracanãzinho e pareciam não ter fim.

Por 106 a 109 pontos, Caminhando ficou com a segunda colocação. Vandré teve dificuldades para se apresentar na última vez, tamanha a indignação de sua torcida. Ainda assim, ele pediu respeito a Tom e Chico. As vaias não diminuíram, e entre gritos de “É marmelada!”, antes de começar a tocar seu violão, ele conseguiu dizer em alto e bom som:

“Olha, tem uma coisa só: a vida não se resume em festivais.”

Um Hino Revolucionário

Naquele momento, segundo semestre de 1968, a juventude politizada ainda acreditava que poderia vencer a ditadura militar, que já durava pouco mais de 4 anos. ‘Caminhando’, nesse sentido, era um convite à luta contra o regime, um hino revolucionário. Uma das mais bem sucedidas canções de protesto que marcaram aquela época.

A letra é mesmo fortíssima, e a melodia traz referências latino-americanas. Tanto que o maestro Lindolfo Gaya a classificou como uma guarânia, um gênero musical de origem paraguaia. O próprio Vandré dizia que tinha composto um ‘rasqueado de beira de praia’.

Os militares consideravam a música extremamente subversiva. Meses depois, quando o AI-5 foi decretado, em dezembro, a censura proibiu sua execução.

O artista paraibano foi obrigado a se exilar. Primeiro foi para o Chile, e de lá para outros países. Quando voltou ao Brasil, em 1973, os militares ficaram alertas e no seu encalço, o que prejudicou sua carreira que não voltaria a ter grandes brilhos, mesmo após a Anistia, no final dos anos 70.

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1968.

Gênero:
Guarânia.

Compositores:
Geraldo Vandré (1935 – ).

Gravações Representativas:
Geraldo Vandré; Luiz Gonzaga.

 


 

Letra de Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não.

Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

 


 

Para Ouvir:

Versão de Geraldo Vandré.

 

Geraldo Vandré no Festival

 

Versão de Luiz Gonzaga.

 


 

 


 

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