Samba do Arnesto – Adoniran Barbosa e Alocin Nicola Caporrino

Confira abaixo informações e letra da música Samba do Arnesto, de Adoniran Barbosa e Alocin (Nicola Caporrino).

Samba do Arnesto
Ernesto Paulelli: O famoso Arnesto, amigo de Adoniran Barbosa.

Samba do Arnesto

Adoniran conheceu o então músico Ernesto Paulelli em 1938, na entrada da rádio Record. Ficaram amigos e ao entregar seu cartão, Ernesto teve de ouvir Adoniran mudar a inicial de seu nome e batizá-lo como Arnesto. Pois, segundo o compositor, esse nome dava samba, e ele prometeu que o faria. Mas a vida seguiu, e Ernesto, após se casar, abandonou a carreira musical. E Adoniran, como sabemos, ainda não tinha chegado ao auge da sua popularidade na música, e ainda era comediante no rádio.

Em 1952 ele e o parceiro Alocin (Nicola Caporrino) criaram o samba do Arnesto. E ao que tudo indica, foi o próprio Alocin que inspirou a situação. Por essa época, eles frequentavam o Guarujá aos finais de semana. E em determinada ocasião, por falta de dinheiro, Alocin tentou escapar do passeio. Mas sua tentativa de se esconder de Adoniran não deu certo e a viagem acabou acontecendo.

Entre uma dose e outra, Adoniran tirou sarro de Alocin, dizendo que ele poderia ao menos deixar um bilhete na porta. A partir disso, criaram o samba. E Adoniran então se lembrou do amigo Arnesto, e que lhe devia um samba. Decidindo assim homenageá-lo.

Adoniran gravou o samba em 1952, mas o sucesso da música veio mesmo a ocorrer algum tempo depois. Em 1953, no set de gravação do filme “Os Cangaceiros”, dirigido por Lima Barreto, e que contava no elenco com Adoniran Barbosa como ator e com os integrantes do Demônios da Garoa como figurantes (cangaceiros), o grupo conheceu “Saudade da Maloca” e “Samba do Arnesto” e decidiu cantá-las também.

Finalmente em 1954, os Demônios da Garoa lançaram, no programa de rádio de Manuel de Nóbrega, na Rádio Nacional: o Samba do Arnesto e Saudosa Maloca. Em 1955, o grupo gravou esses sambas em disco e fizeram um grande sucesso. E ao que tudo indica foi essa versão que Ernesto Paulelli ouviu tocar no rádio, e chamou sua esposa Alice para ouvir, emocionado.

Obviamente que Ernesto ficou taxado como alguém que pisava na bola com os amigos. Mas ele não fez convite nenhum e sequer morava no Brás. Mesmo assim, a homenagem transformou sua vida, chegou até a dar um novo fôlego na sua carreira musical, por conta de convites que ele recebia pra tocar. Mas ele já tinha mudado sua vida profissional e também não se envolveu mais que isso. Sem contar que ele deu muitas entrevistas contando detalhes da sua relação com a música, e do presente que recebeu de Adoniran, com a partitura da música. Quando ele faleceu em 2014, aos 99 anos, sua história foi lembrada em muitos portais na internet.

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1952.

Gênero:
Samba.

Compositores:
Adoniran Barbosa (1910-1982) e Alocin (Nicola Caporrino) (1927-?).

Gravações Representativas:
Demônios da Garoa; Adoniran Barbosa.

Letra de Samba do Arnesto.

O Arnesto nos convidou
Prum‘ samba, ele mora no Brás
Nós fumos, não encontremos ninguém
Nós vortermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez, nós não vai mais.

Nós não sermos tatu.

No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu descurpa, mas nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta.

Um recado ansim:
Ói, turma, num deu pra esperar
Ah, duvido que isso num faz mar, num tem importância
Assinado em cruz, porque não sei escrever,
Arnesto.

Para Ouvir:

Versão de Adoniran.


Versão dos Demônios da Garoa


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