Arrastão – Edu Lobo e Vinicius de Moraes

Neste artigo você pode conferir informações, história e letra da música Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes.

Disco de Elis Regina Arrastão - Edu Lobo e Vinicius de Moraes

História da música Arrastão

“Arrastão” foi a vencedora do 1º Festival Brasileiro da Música Popular, realizado pela TV Excelsior, em 1965. Composta em parceria entre Vinicius de Moraes e Edu Lobo.

Edu, em visita à casa de Dorival Caymmi, se inspirou ao ouvi-lo tocar “Suíte dos Pescadores”. Vinicius, por sua vez, ao retornar de uma viagem, seria apresentado à melodia recém-criada e, para escrever a letra, também se deixaria levar, de certa forma, pelos temas praieiros do amigo baiano. Assim nasceu “Arrastão”.

No palco, a música foi defendida pela prodigiosa Elis Regina. Ela, que chegara ao Rio de Janeiro no ano anterior, estava decidida a se tornar a maior cantora do Brasil. Sua interpretação no Festival, para muitos, foi decisiva para que “Arrastão” levasse o primeiro lugar.

Os compositores de Arrastão

Edu Lobo era filho do também compositor Fernando Lobo. Jovem promessa, por volta dos 18 anos já tinha uma música em parceria com Vinicius de Moraes, amigo de seu pai, e começou a fazer trilhas para peças de teatro com grupos mais politizados da época. Chegou a ter um breve namoro com Elis, meses antes do Festival. E a vitória de “Arrastão” fez seu nome ser conhecido nacionalmente.

Vinicius de Moraes, assim como na Bossa Nova, colaboraria para mudar os rumos da música brasileira mais uma vez. Além de “Arrastão”, ele foi vice com “Canção do Amor que Não Vem”, em parceria com Baden Powell e defendida por Elizeth Cardoso. Ele assistiu ao Festival pela televisão, no Rio de Janeiro. Elis estava em São Paulo para se apresentar quando recebeu o bilhete do poeta: “ARRASTA essa gente aí, Pimentinha.”

Arrastão e a Música Brasileira

O sucesso de “Arrastão” representa um momento-chave para a história de nossa música. Pode-se dizer que foi a partir desse momento que se passou a buscar um novo nome para o que estava surgindo. Seria Música Popular Moderna?

Pois a geração pós-bossa nova buscava criar uma música brasileira autêntica. Questões sociais e políticas entravam em jogo, surgiam as músicas de protesto; fazia-se necessário retratar o brasileiro, a gente do povo. Aliando tradição e modernidade, era preciso valorizar o samba e a Bossa Nova, sim, mas sem deixar de lado outras tradições regionais ao criar novos sons.

Com o tempo foram dando uma ênfase equivocada ao termo Música Popular Brasileira, até que, mais tarde, a sigla MPB se transformaria em gênero, convencionalmente aceito, para classificar a produção de determinados artistas, ligados a essa linhagem artística que buscava fazer uma música genuinamente brasileira, moderna e tradicional ao mesmo tempo.

Olha o arrastão entrando no mar sem fim

Depois de “Arrastão” muita coisa se transformou. A proposta da música de Vinicius e Edu passou a ser um modelo para os jovens compositores. Elis Regina despontou como uma grande estrela e, ao lado de Jair Rodrigues, ganharia um programa de televisão, o Fino da Bossa, da TV Record. Esta emissora inclusive, teria seu próprio festival. Pois, no embalo do êxito comercial do Festival da Excelsior, outras competições musicais agitariam o cenário cultural brasileiro nos anos seguintes.

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1965.

Gênero:
Híbrido.

Compositores:
Edu Lobo (1943-) e Vinicius de Moraes (1913-1980).

Gravações Representativas:
Elis Regina; Edu Lobo; Zimbo Trio.

Destaque Histórico:

Clique aqui e confira texto do jornal Folha de São Paulo, de 08 de abril de 1965, anunciando a vitória de Arrastão.


Letra de Arrastão.

Ê! tem jangada no mar
Ê iê, iêi!
Hoje tem arrastão
Ê! todo mundo pescar
Chega de sombra, João
J’ouviu.

Olha o arrastão entrando no mar sem fim
É, meu irmão, me traz Iemanjá pra mim.

Minha Santa Bárbara, me abençoai
Quero me casar com Janaína.

Ê… puxa bem devagar
Ê, iê, iêi, já vem vindo o arrastão
Ê, é a rainha do mar
Vem, vem na rede, João
Pra mim.

Valha-me meu Nosso Senhor do Bonfim
Nunca jamais se viu tanto peixe assim.


Para Ouvir:

Versão de Elis Regina.

 



 

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