As Melhores Músicas Brasileiras da Década de 1950

Neste post você vai conferir uma seleção com as melhores músicas brasileiras da década de 1950. Rolando até o final do artigo você encontrará uma playlist no Spotify com melhor do período na opinião do CANTO DA MPB. Mas, antes disso, que tal um breve panorama de como foram os anos 50 para a nossa música?

As 20 Melhores Músicas Brasileiras da Década 1950

As Transformações

Profundas transformações aconteceram na música popular brasileira durante a década de 50 (que neste post trataremos como os anos entre 1950 e 1959).

Na parte artística, tivemos dois acontecimentos revolucionários. Uma delas foi a contribuição do trio Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, que desembocaria na Bossa Nova. E outro fato relevante foi a chegada do Rock and Roll e sua aclimatação em terras brasileiras.

Em relação à indústria fonográfica e a maneira como se consumia música no país, houve, também, importantes avanços de ordem tecnológica, com o surgimento da televisão e do disco Long Play (LP) de 33 rotações.

Como a Década de 50 Começou

Mas, partindo do começo, até meados dos anos 50 nada indicava que a MPB sofreria as tais “profundas transformações” que mencionamos. O cenário ainda se mostrava, basicamente, como no fim da década anterior. O rádio ainda era o principal veículo de divulgação de músicas e artistas. Rádio Nacional e Rádio Mayrink Veiga, ambas da cidade do Rio de Janeiro, eram as líderes de audiência.

Sambas-canções, boleros e vozeirões imperavam. Mas o samba, forjado como o símbolo de brasilidade, ainda estava em alta também. Pra variar, havia um Luiz Gonzaga, que começou a década ainda como uma febre com seu Baião e sua sanfona. Um Jackson do Pandeiro que surgira nas paradas de sucesso em finais dos anos 40 com seu Samba-Coco e seu pandeiro suingado. E claro, Dorival Caymmi que já fazia samba-canção, mas que se destacava com suas canções praieiras e seus sambas baianos.

Nota-se que é nesta década que surge um dos primeiros surtos nostálgicos de público e crítica. Muito disso por conta dos programas “Nos tempos de Noel Rosa” e “O Pessoal da Velha Guarda” do compositor e radialista Almeirante. Mas também devido ao baixo nível de inventividade das canções de então,  asim, passam a chamar de “Época de Ouro da Música Brasileira” os anos entre 1930 e 45.

Muitos artistas desse período áureo ainda estavam em atividade nos anos 50, mas em fase decrescente de suas carreiras. E isso era algo que alarmava os saudosistas, pois, além de tudo, ainda fazia crescer o número de músicas internacionais que chegavam pra dominar o mercado.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

Músicas para a Juventude: O Rock and Roll

E justamente, na metade da década, o Rock’n’Roll que recém-surgira nos Estados Unidos começou a se fazer ouvir por essas bandas. Os primeiros sucessos internacionais vieram através de Bill Haley, Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard… E diferentemente do que muitos pensam, não foram os jovens irmãos Tony e Celly Campello que deram os primeiros passos do Rock no Brasil. A primeira gravação do gênero coube à cantora Nora Ney. Ela lançou “Rock around the clock”, em inglês mesmo, pois a versão brasileira “Ronda das Horas” não foi aprovada. A cantora nunca mais mais voltaria a gravar em tal estilo.

Mas, os roqueiros Tony e Celly, entraram para história. Lançaram um disco compacto juntos em 1958 e passaram a participar do programa “Campeões do disco”, da TV Tupi. No ano seguinte, Celly estourou com Estúpido Cupido, de N. Sedaka e H. Greenfield, numa versão de Fred Jorge, este que ainda faria muitas outras versões de sucesso.

Pode-se dizer que, nascia assim, o interesse da indústria musical pelos jovens. E para termos uma ideia, o jornalista Nelson Motta afirma em seu livro “Noites Tropicais” que até ouvir Bossa Nova ele não gostava de música brasileira, achava chato. Afinal, por muito tempo a nossa música ficou mesmo engessada em certos ritmos e fórmulas comerciais.

Mas o Jazz, que igualmente vinha dos Estados Unidos, também foi angariando, ao longo da década, muita gente que queria fazer uma música brasileira diferente. Um deles foi o pianista Tom Jobim que já fazia coisas novas e arejadas pra época, desde 1954, principalmente em parceria com Billy Blanco e Newton Mendonça.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

Músicas para a Juventude: A Bossa Nova

Tudo mudou quando Tom se juntou ao poeta Vinicius de Moraes, em 1956, ao ser convidado para compor a trilha da peça Orfeu da Conceição. A parceria deu certo e a partir daí eles empreenderam uma renovação na música popular brasileira. Lançaram um sucesso atrás de outro, nas vozes dos mais diversos cantores e cantoras.

Passou a ser comum ocorrerem mais de 20 gravações, por ano, de uma única música dos dois. No final da década, todo artista queria gravar Tom e Vinícius. Pra muita gente era a melhor combinação que já existira de música comercial de qualidade. Assim, a dupla estabeleceu quase que uma unanimidade, mas o auge da fama e do prestígio ainda estava por vir.

Pois, pra melhorar, tiveram a participação do baiano João Gilberto que gravou “Chega de Saudade”, de Tom e Vinicius, em 1958. João lançou um jeito completamente novo de tocar violão, e também surgiu com um modo de cantar muito particular, baixinho, preciso, sem ostentações, quase que falando. O que lembrava o estilo de Mario Reis, um dos ícones da Época de Ouro. Claro que os saudosistas não se renderam de imediato, afinal, Mario Reis é que era cantor, esse João Gilberto é um desafinado, diziam.

E de fato houve uma forte resistência ao estilo que João Gilberto estava lançando. Mas os jovens gostaram, se identificaram e adotaram esse jeito moderno de fazer samba, que seria chamado mais tarde de Bossa Nova. Termo aliás, que era mesmo uma gíria entre os jovens quando se referiam a alguma novidade.

Essa moçada, predominantemente carioca, que curtia Jazz e que já fazia música – cabe aqui citar a escola de violão de Carlos Lyra e Roberto Menescal – embarcou no novo estilo. Essa adesão da classe média, moderna e urbana, seria determinante para a consolidação do movimento Bossa Nova como agente refundador da música popular brasileira. Mas o apogeu dos bossanovistas seria mesmo no início da década seguinte. Em 1959, João Gilberto ainda estava apenas se firmando como uma grande estrela. Logo passaria a astro-rei.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

Os Sucessos dos Anos 1950

Mas, como vimos, essas grandes transformações artísticas ficaram quase pro final da década. E se levarmos em consideração o público adulto, as coisas continuaram como sempre foram.

Como dissemos, as rádios detinham as maiores audiências e contas de publicidade. Quando a Televisão surgiu, com a TV Tupi, em 1950, ainda demorou um bom tempo para arrebanhar os artistas de maior destaque. Mas, ao final da década, muita gente da música já tinha programas próprios na televisão, como Maysa e Tom Jobim, por exemplo.

Todavia, essa revolução que se operava na maneira de consumir a música não alterava as preferências do público, necessariamente. Fosse pelo rádio ou pela televisão as pessoas queriam ver os artistas que figuravam na Revista do Rádio e na Radiolândia, duas publicações impressas destinadas aos fãs de música, vendidas em bancas de jornal, com linhas editoriais, preferencialmente, privilegiando as fofocas. De toda forma, elas prestavam um grande serviço aos artistas e, hoje, são documentos históricos fundamentais.

Algumas cantoras mantinham colunas nas revistas para se comunicar com seus fãs. A internet e as redes sociais ainda estavam longe de existir, mas uma cantora do calibre de Linda Batista (Rainha do Rádio por 11 anos seguidos), já podia se dirigir diretamente a seus admiradores com algo quase assim: “Olá, queridos e queridas fãs! Na última semana ensaiei minha próxima canção, estou empolgadíssima, sei que vocês vão adorar…”

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

As Principais Cantoras da Década de 1950

E já que falamos em cantoras, vamos relacionar as vozes femininas de maior destaque no período. Dentre aquelas que já haviam se consagrado antes de 1950, as mais populares eram Marlene, Dalva de Oliveira e Emilinha Borba. Mas a própria Linda Batista ainda ocupava uma posição de destaque, assim como sua irmã, Dircinha Batista, e também Carmen Costa e Isaura Garcia.

Em relação aos nomes que despontaram no início da década e atravessaram os anos sempre com muito sucesso, podemos citar Nora Ney, Ângela Maria, Dóris Monteiro, Elizeth Cardoso e Dolores Duran; esta, compositora que prometia muito, mas que faleceria cedo, em 1959. E da metade pro fim deste ciclo, ainda surgiram Sylvia Telles, Alaíde Costa e Maysa, outra compositora de muito êxito.

Tudo isso sem contar na veterana Aracy de Almeida, que lançou alguns dos primeiros LPs brasileiros, cantando sucessos de Noel Rosa. Ela sempre esteve na ativa, mas tais lançamentos fizeram com que ela revisitasse o topo das paradas de sucesso entre 1955 e 57.

O famoso concurso de Rainha do Rádio, que existia desde 1937, teve sua última edição em 1958 quando a cantora Julie Joy se sagrou vencedora. Antes dela, as eleitas foram: Dóris Monteiro (1957 e 56), Vera Lúcia (1955), Ângela Maria (1954), Emilinha Borba (1953), Mary Gonçalves (1952), Dalva de Oliveira (1951) e Marlene (1950).

A triste notícia foi o falecimento de Carmen Miranda, em agosto de 1955. Ela ainda morava nos Estados Unidos, mas seu funeral, ocorrido no Rio de Janeiro, causou uma grande comoção.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

O Long Playing

Por falar nos LPs, sigla de Long Playing, ou simplesmente Long Play. Os discos de 10 polegadas foram inventados nos Estados Unidos em 1948. Três anos depois a novidade chegaria por aqui. O primeiro LP lançado no país foi uma coletânea com as marchinhas de Carnaval do ano. Demorou um tempo até que o público consumidor assimilasse a novidade.

Era preciso produzir e vender equipamentos compatíveis e, por tudo isso, o LP só passaria a ser líder de mercado na década seguinte. Ainda assim, a proposta do Long Play, com praticamente meia hora de música pra cada lado, revolucionou a relação entre artistas, público e a indústria fonográfica como um todo. Agora, em vez de lançar uma ou duas músicas num disco compacto, era possível pensar o conjunto de uma obra que teria como resultado um álbum. Passou a ser imprescindível a participação de um produtor musical para alinhavar as ideias dos artistas.

E apesar do limitado alcance comercial, são dos anos 50, três dos melhores LPs já produzidos na história da MPB. Um é a coletânea “Canções Praieiras” de Dorival Caymmi, de 1954.

Outro é “Canção do Amor Demais”, de Elizeth Cardoso, lançado em 1958. Nesse disco, João Gilberto participa com seu violão na faixa “Chega de Saudade”. No mesmo ano, o próprio grava a música em disco compacto, dentro do seu novo estilo, estabelecendo a data de nascimento do que viria a se tornar a Bossa Nova.

E, depois de mais alguns compactos, João juntou suas pérolas e gravou um dos mais importantes discos brasileiros de todos os tempos, o “Chega de Saudade”, em 1959, como dito anteriormente.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

Os principais cantores dos anos 50

O maior vendedor de discos da década foi Nelson Gonçalves, um dos cantores mais populares no período. Sobretudo após a morte trágica de Francisco Alves em 1952.

Assim como eles, ao romper dos anos 50, os cantores mais populares ainda eram os veteranos Orlando Silva, Carlos Galhardo, Silvio Caldas, Gilberto Alves, Ataulfo Alves e Dorival Caymmi. Isso sem contar nos mais jovens, Francisco Carlos, Jorge Goulart, Dick Farney e Lúcio Alves.

Cabe destacar algumas presenças fundamentais que destoavam do cenário principal. Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro já citamos acima. Outro que viveu um período de apogeu, nos anos 50, foi Jamelão, sambista da Mangueira.

E além de João Gilberto, outras grandes revelações masculinas na década foram Cauby Peixoto, um verdadeiro fenômeno no mundo das celebridades. E Jhonny Alf, compositor e cantor que fez pérolas consideradas precursoras da Bossa Nova.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

Compositores e Instrumentistas de Destaque

Outros nomes que também devemos citar entre os compositores mais renomados da época são: Lupicínio Rodrigues, o rei da música de fossa, e Antonio Maria, que disputava o mesmo título. Adelino Moreira, Fernando Lobo, além dos veteranos Ismael Silva, Herivelto Martins, Braguinha e o grande Ary Barroso. Também havia os parceiros de Gonzagão, Humberto Teixeira e Zé Dantas. E no samba despontaram figuras como Adoniran Barbosa, muito gravado pelo grupo Demônios da Garoa; Nelson Cavaquinho e Zé Kéti. Além de uma infinidade de artistas que não conseguimos contemplar no momento.

Entre os instrumentistas, destacamos a presença de Altamiro Carrilho, Sivuca, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolin, Benedito Lacerda, entre tantos outros.

Melhores Musicas Brasileiras dos anos 1950

As Músicas Mais Tocadas nos anos 1950

De acordo com uma pesquisa que realizamos com diversas fontes, as músicas mais executadas nas rádios e na vendagem de discos, foram:

1 – Estúpido Cupido – Celly Campello – Rock (1959)
2 – Conceição – Cauby Peixoto – Samba-Canção (1956)
3 – Lata d’Água na Cabeça – Marlene – Samba (1952)
4 – Vingança – Linda Batista – Samba-Canção (1951)
5 – Risque – Linda Batista – Samba-Canção (1953)
6 – Mocinho Bonito – Doris Monteiro – Samba (1956)
7 – Pé de Manacá – Isaura Garcia e Herve Cordovil – Baião (1950)
8 – Tereza da Praia – Dick Farney e Lucio Alves – Samba-Canção (1954)
9 – Café Soçaite – Jorge Veiga – Samba (1955)
10 – Cabecinha no Ombro – Alcides Gerardi – Rancho (1958)
11 – Saudosa Maloca – Demônios da Garoa – Samba (1955)
12 – João Valentão – Dorival Caymmi – Samba-Canção (1953)
13 – Vai, Mas Vai Mesmo – Nora Ney – Marcha Carnavalesca (1959)
14 – A Volta do Boêmio – Nelson Gonçalves – Samba-Canção (1957)
15 – Maracangalha – Dorival Caymmi – Samba (1956)
16 – Saca Rolha – Zé & Zilda – Marcha Carnavalesca (1954)
17 – Ninguém me Ama – Nora Ney – Canção (1952)
18 – Delicado – Waldir Azevedo – Choro (1951)
19 – Cachação não é Água – Carmen Costa – Marcha Carnavalesca (1953)
20 – Antonico – Alcides Nogueira – Samba (1951)
21 – Chega de Saudade – João Gilberto – Samba-Canção (1958)
22 – A Voz do Morro – Jorge Goulart – Samba (1956).

Em relação aos gêneros, figuram na lista de maiores sucessos: Samba-Canção e Samba (7 músicas cada); Marcha Carnavalesca (3 músicas); Baião, Canção, Choro, Rancho e Rock (1 música cada). Ou seja, é possível ter uma ideia geral da preferência do público. Tudo isso sem contar o sucesso que muitas músicas internacionais fizeram na época.

As 20 Melhores Músicas Brasileiras da Década 1950

E finalmente vamos à seleção com as melhores músicas da década de 1950. Nossa lista contém: 9 sambas-canções; 6 sambas; 2 canções; 1 baião; 1 sertanejo caipira; 1 samba-coco.

Antonico – Ismael Silva (1950).
Vingança – Lupicínio Rodrigues (1951).
Ninguém me Ama – Antonio Maria e Fernando Lobo (1952).
João Valentão – Dorival Caymmi (1953).
Xote das Meninas – Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953).
Tereza da Praia – Tom Jobim e Billy Blanco (1954).
Quem vem pra beira do mar – Dorival Caymmi (1954).
Saudosa Maloca – Adoniran Barbosa (1955).
Menino da Porteira – Teddy Vieira e Luizinho (1955).
A voz do morro – Zé Kéti (1955).
Saudade da Bahia – Dorival Caymmi (1957).
Por causa de você – Tom Jobim e Dolores Duran (1957).
Se Todos Fossem Iguais a Você – Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1957).
A flor e o espinho – Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha (1957).
Chega de Saudade – Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1958).
Desafinado – Tom Jobim e Newton Mendonça (1958).
Chiclete com Banana – Almira Castilho e Gordurinha (1958).
Eu sei que vou te amar – Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1959).
Meditação – Tom Jobim e Newton Mendonça (1959).
A noite do meu bem – Dolores Duran  (1959).

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One Reply to “As Melhores Músicas Brasileiras da Década de 1950”

  1. Bons tempos que não voltam mais. Tinha bastante música ruim também na época, mas as ruins de antigamente eram melhores que as melhores dr hoje em dia. Abraços! José

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