Opinião – Zé Kéti

Neste artigo você confere informações, história e letra da música Opinião, de Zé Kéti.

Opinião de Zé Kéti

Um pouco da História de Opinião

Carlos Lacerda foi governador do Estado da Guanabara de 1961 a 1964. Seu governo, entre outras coisas, foi marcado pela intolerância com as classes mais pobres da capital do Rio de Janeiro. Assim, Lacerda pôs em prática um projeto de remoção de favelas em determinados pontos da cidade. E certamente locais de maior visibilidade turística foram mais afetados. Muitos moradores de vários morros migraram, por exemplo, para o que se tornaria a Cidade de Deus, na zona oeste.

Essa foi a inspiração de Zé Kéti ao compor a música “Opinião”. “Daqui do morro eu não saio, não” era um grito de resistência de um sambista pobre. E se o compositor já apelava: “Podem me prender / Podem me bater”, depois do golpe civil-militar, a Ditadura passaria a usar de mais violência contra os pobres. E ainda pior, censurando a imprensa para evitar qualquer tipo de polêmica.

Nara Leão foi a primeira a gravar o samba, cabendo à faixa dar nome ao seu segundo disco. Ela que frequentava o Bar Zicartola, já havia gravado de Zé Kéti o samba Diz que fui por aí“, em seu LP de estreia (“Nara”, 1964)

Pouco tempo depois, surgiu a ideia do show “Opinião”, espetáculo teatral que seria a primeira contestação artística ao golpe. O pobre do morro, Zé Kéti; a garota rica de Copacabana, Nara Leão; e o migrante nordestino, João do Valle, se juntavam no palco para falar de suas próprias vidas e criticar a ordem das coisas, tanto na questão da repressão e da censura, mas também das dificuldades de ser artista de música popular na época.

E tudo isso, claro, entremeado por algumas músicas simplesmente incríveis. Duas delas ficaram bastante marcadas, o tema homônimo da peça, de autoria de Zé Kéti; e também Carcará, de João do Valle.

Realizado em uma parceria entre o Grupo Opinião e o Teatro de Arena, o show tinha texto de Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes, e direção geral de Augusto Boal. A estreia ocorreu em dezembro de 1964 e, semanas depois, Nara Leão teve problemas na voz e saiu do elenco. Mas, ela indicou a jovem cantora Maria Bethânia para substituí-la. A baiana, então, veio para o Rio de Janeiro, ao lado do irmão Caetano Veloso, e o resto é história.

Informações Gerais

Ano de Lançamento:
1964.

Gênero:
Samba.

Compositores:
Zé Kéti (1921-1999).

Gravações Representativas:
Nara Leão; Zé Kéti; Wilson Simonal; Maria Bethânia; Elza Soares.

Referências:
Texto da contracapa do álbum “Opinião” de Nara Leão (Site Oficial).

“Este disco nasceu de uma descoberta, importante para mim: a de que a canção popular pode dar às pessoas algo mais que a distração e o deleite. A canção popular pode ajudá-las a compreender melhor o mundo onde vivem e a se identificarem num nível mais alto de compreensão. A música popular é um dos mais amplos modos de comunicação que o próprio povo criou, para que as pessoas contassem uma às outras, cantando suas experiências, suas alegrias e tristezas. É fato que, na maioria dos casos, esses sentimentos se referem a situações individuais, a que os compositores conseguem dar amplitude. Mas existem outros problemas, outras tristezas e outras alegrias, não menos profundas e não menos ligadas à vida de todo dia. E os compositores, como Zé Kéti, João do Vale ou Sérgio Ricardo, entre outros, falam dessas coisas. Eles revelam que, além do amor e da saudade, pode o samba cantar a solidariedade, a vontade de uma vida nova, a paz e a liberdade. E quem sabe se, cantando essas canções, talvez possamos tornar mais vivos na alma do povo ideias e sentimentos que o ajudem a encontrar, na dura vida, o seu melhor caminho.” Nara Leão

 


 

Letra de Opinião.

Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não.

Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar.

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu.

 


 

Para Ouvir:

Versão de Nara Leão.

 

Versão de Zé Kéti.

 


 

 


 

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